Contraditório – Depois de dizer que deficientes visuais tem que ser tratados como iguais retirando programa de acessibilidade, Bolsonaro cria Política Nacional para a Educação Especial de surdos
Por Carolina Winter
G7 Informe – 30/09/2020 | 16h32
O Presidente Jair Bolsonaro, ao lado da esposa, Michelle, lançou nesta quarta-feira, 30 de setembro, a Política Nacional de Educação Especial.
A política é o resultado de uma série de estudos feitos no Brasil ao longo de 2018, ainda no governo Michel Temer,
que ouviu educadores, familiares e deficientes, para levar em conta a sua criação.
Pela nova política a partir de agora, os alunos poderão escolher se desejam estudar numa escola comum, com ensino regular,
ou se poderão frequentar escolas bilingues, com aulas em Libras.
A Libras é a Lingua Brasileira de Sinais, e ganhou maior visibilidade e destaque no governo Bolsonaro.
Desde sua posse, a Primeira-Dama, Michelle Bolsonaro, vem discursando na linguagem e tratando da importância de incluir as pessoas surdas e mudas na sociedade.
Isso só pode ser feito, com o emprego da Libras, nas escolas e em outros mecanismos.
Contraditório pois, o mesmo governo que agora aprova a criação de uma escola bilingue para pessoas surdas,
vem destruindo a política de inclusão digital para portadores de deficiência visual.
Criada no governo do PT em 2007, a política era responsável por distribuir notebooks e programas com síntese de voz, a invisuais do ensino médio.
Desde 2019 porém, o programa foi erradicado e nem um deficiente visual mais recebeu as adaptações.
Até mesmo os livros digitais, tem sido uma luta para acessar.
A desculpa do novo Ministério da Educação, é que todas as pessoas merecem ser tratadas iguais,
e que os notebooks, deixavam os invisuais diferentes de demais estudantes.
Além da medida ser inconsequente, ela ainda atrasa um processo de evolução que vinha sendo seguido no Brasil ao longo dos últimos anos.
Os invisuais que não tem acesso ao notebook do governo federal, precisam continuar seus estudos no método Braille.
O problema é que, não existem escolas em Braille, para que deficientes visuais estudem a sua vida inteira.
E nos ensinos regulares os professores não estão adaptados a esse tipo de metodologia.
O Braille não é lingua, como a Libras, de ensino obrigatório.
Em termo de educação inclusiva, o governo adota dois pesos e duas medidas, para uma acessibilidade que deveria ser única, igual a todos.